Não te apoquentes sou só um intervalo de contradições
Perdida na imensidão não me explico!
Entender me seria inútil e enfadonho
delicie se e desfrute o que lhe aprouver!
[fragmentos de poesias secretas "Estanque"]
os olhos "vem e vão" embora não satisfaça plenamente os sentidos gozam
o silêncio também é dor, é também prazer
A priori nunca desconfio das pessoas, pago para ver: as que tem desvio de caráter, porém, nunca devolvem o troco
Reverso
Traços continuos de olhares que se lêem em reverso
Rasgo de decote provocam
Bocas que se movem sobrepostas pele a pele
Salivas com gosto de desejo que se misturam
Mãos torturantes
Tentaculos da volúpia
Faíscas turvantes de luxuria
Eu
Me rendo!
vida
impulso acelerado
imprevisível
tinge a retina
e não me importo mais se turva
na estreita garganta
corre solta como um gole
como um doce galope
A tristeza às vezes se faz correnteza
Na curva do rio
Encontramos a vida voraz com a boca escancarada a espreita
Preste a nos engolir
recolhemos então o que nos resta de coragem e travamos com ela a grande batalha
matar ou morrer de fome
Maldito coração independente, bendito coração apaixonado que deixava registrado o que eu não queria pensar, do que eu nem podia mostrar
[fragmento de "Fuligem" memórias de um Lápis sem Ponta]
Transformo
mudo de lugar
mudo a pele e
o estado de espírito
ganho novas emoções
mergulho em outros sentimentos
Giro, giro
até tudo encarnar
embora pareça estar no mesmo lugar
mais uma vez
em equilíbrio no abismo