Os fenômenos mais interessantes da vida têm provavelmente sempre esse aspecto duplo de passado e futuro; talvez sejam sempre progressivos e regressivos ao mesmo tempo.
Revelam a ambiguidade da própria vida.
Talvez se resumam nisso a própria juventude, a espontaneidade, a coragem e a profundeza da vida pessoal, a vontade e a faculdade de experimentar e viver com plena vitalidade a parte natural do ser.
As coisas, os acontecimentos, a felicidade, o amor e o sofrimento restariam frustados, se se conservassem mudos e a gente se limitasse a saboreá los e experimentá los.
A solidão mostra o original, a beleza ousada e surpreendente, a poesia.
Mas a solidão também mostra o avesso, o desproporcionado, o absurdo e o ilícito.
Música e fala insistia deveriam andar unidas, eram no fundo, uma e a mesma coisa, a fala era música, a música um modo de falar.
Sei que, frequentemente, os sinais e os símbolos exteriores, visíveis e tangíveis da sorte e da ascensão, só aparecem quando, na realidade, tudo já se põe de novo a declinar.
O tempo tudo clarifica e não há estado de espírito que se mantenha inalterado com o passar das horas.
O passado seria tolerável tão somente para quem se sentir superior a ele, ao invés de ter de admirá lo estupidamente, sob a noção da importância atual.