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Samir de Sena Osório

Não dá para negar que a experiência do intercâmbio está sendo incrível apesar de que não nos avisaram de que na metade dele passaríamos pela difícil experiência de nos despedirmos quase que ao mesmo tempo de muitos amigos que só estariam aqui por cinco meses.
Viajar é bom, “salir de fiestas” também.
Porém são os relacionamentos mais próximos e profundos, e também os momentos difíceis que mais te fazem amadurecer.
Aprendemos muito com eles nesse intercâmbio, muito mais que na universidade, diga se de passagem.
O que acontece quando você vive com mexicano que “tem cara” de japonês, um alemão que “parece mexicano”, e um francês que não corresponde ao que você tinha escutado sobre um francês Ou então quando você é um brasileiro que não joga bem o futebol e tampouco sabe “bailar” como os estrangeiros supõem que um brasileiro sabe Você quebra estereótipos e faz com que os outros quebrem os seus também.
Você aprende que as pessoas são quem são independente dos países de onde vêm.
Tudo bem, depende da cultura, sim.
Mas você se aproxima de alguém ou se afasta não porque é desse ou de outro país, mas porque se identificou com ela.
O que acontece quando você se torna irmão de um francês mais novo que você, de 19 anos, que te dá uma aula de maturidade Você para e se pergunta: por que eu não posso fazer isso sem esperar que os outros façam primeiro Por que não posso dar sem ficar esperando retribuição
E quando você faz um amigo da Alemanha (país desenvolvido, de primeiro mundo) que "comparte" (compartilha) com você sua história e suas dores, suas alegrias e amores Você aprende na prática a frase que diz “que as dores humanas ultrapassam as divisões de classe e cultura”.
Não importa se seu país é rico ou pobre, se você é rico ou pobre, você é ser humano e viver às vezes vai doer do mesmo jeito.
Agora está terminando um ciclo.
Doi dizer adeus, não saber se vai ver mais.
Mas a gente sabe que a vida é assim, cheia de idas e vindas, chegadas e partidas, saudações e despedidas.
A gente tem que se acostumar, dizer para si mesmo “deixa ele ir”, deixá los partir.
Mas na verdade, com despedidas a gente nunca se acostuma.
O que a gente faz é se resignar, deixar ir porque não há o que fazer, não podemos aprisionar o outro e impedir que ele siga sua vida.
E a gente tem que seguir a nossa também Ninguém vai estar perto da gente a vida toda.
É preciso saber deixar partir, abrir mão, desapegar se.
Vai haver dor, de qualquer maneira, então o que se há de fazer é chorar, viver o luto e conviver por algum tempo com o vazio da despedida.
Até que finalmente a dor passa e estamos abertos para viver novos relacionamentos, conhecer novas pessoas, e deixar que os novos amigos conheçam, através de nós, através do que a gente carrega dos que se foram, um pouco da personalidade deles também, que um pouco já se tornou parte da nossa.
Um pouco do trejeito, ou uma frase que eles falavam e a gente não esquece e já toma como nossa, a forma de se vestir, de sorrir, quem sabe E aí o ciclo recomeça.

Antes de sair do Brasil e me meter nessa aventura inimaginável em minha vida, assisti a uma palestra sobre autodesenvolvimento em que a psicóloga dizia que fazer um intercâmbio era como amadurecer cinco anos em um.
Agora, faltando menos de dois meses para que eu volte pra casa, tenho que concordar com ela.
Esse semestre conheci pessoas especiais como no primeiro semestre.
E umas das mais especiais eu conheci um pouco menos de dois meses antes de que eles voltassem para o país deles, Romenia.
Talvez eu os tenha conhecido um pouco tarde.
Mas pode ser que, se os tivesse conhecido antes, a amizade não teria sido tão boa como foi.
Sabe aquelas pessoas que você conhece e com as quais em pouco tempo você se identifica e percebe que com elas você não precisa fazer esforço para fingir ser quem não é, e a amizade flui, e cada um acaba buscando a companhia do outro natural e reciprocamente De modo que você se expõe, se torna vulnerável, mostra o que você tem de pior, e isso, em vez de te distanciar delas, acaba te aproximando Então, minha amizade com eles foi assim, até que um mês e meio depois que os conheci, eles foram embora.
Porém se tem algo com que eu me resignei nesse intercâmbio é a dura verdade de que viver é despedir se.
Despedir se do dia que passou, do amigo que foi e não volta, despedir se da gente mesmo, de quem a gente era e agora já não é mais.
Despedir se da cidade da qual vamos embora e pra qual não sabemos se regressamos.
Até que um dia chega a última despedida, que é o dia em que a gente tem que se despedir é da vida mesmo.
Mas viver também é reencontrar se.
Reencontrar se com um amigo que há muito não se via.
Reencontrar se com a família que saudades de você sentia.
Reencontrar se com sua cidade natal, de onde você quase nunca saía até que uma experiência de intercâmbio te força a sair dela para, quem sabe, saindo da zona de conforto, você possa reencontrar se consigo mesmo.
Ao voltar para o Brasil em algumas semanas, vou reencontrar minha família e amigos e vou precisar de muito tempo para tentar passar pra eles o que foi esse intercâmbio, mesmo sabendo que só saberão mesmo o que é um quando fizerem um.
Vou ser cuidadoso, vou tentar não transformar tudo que passou em um conto idealizado, vou dizer que conheci lugares novos, pessoas especiais, fui a festas divertidas, mas vou dizer também que às vezes foi difícil, sabe, que tive momentos de estresses, momentos em que queria voltar para o aconchego da casa dos pais, voltar a comer a comida da mãe.
Ou momentos comuns, em que não tinha nada para fazer, ou não queria fazer nada, e ficava “aburrido” (entediado) em casa navegando na internet.
Que teve momentos que comparei o Brasil com os países da Europa e disse que queria viver aqui para sempre e outros momentos que achei que tudo no Brasil era melhor e queria voltar logo para casa.
Estou ansioso pelo reencontro.
Pela troca de experiências, por saber também por quais dificuldades passaram durante esse ano e quais alegrias tiveram.
Um reencontro com quem já não são mais os mesmos, ainda que o sejam.
Eu também não sou o mesmo, mesmo que seja.
Cinco anos mais maduro, embora só tenha passado um ano fora.
Eles, também mais maduros, ainda que tenham passado no mesmo lugar.

Amigos de verdade
Não dá para definir o que é ser amigo de verdade.
Pois cada amigo que fazemos é único e especial.
Mas há algumas coisas em comum em toda amizade que se preze.
É com um amigo de verdade que nos sentimos mais à vontade.
Podendo ser nós mesmos sem cerimônias.
Não é preciso ficar se esforçando para parecer algo que você não é.
Um amigo nos conhece quase tanto quanto nós mesmos.
Ter amigos é indispensável.
Nenhum ser humano consegue ser feliz sem ter alguém com que possa ser verdadeiramente si mesmo.
Mostrar se com todos os defeitos e dar de presente suas qualidades.
Um amigo não precisa ser como nós, não precisa gostar das mesmas coisas.
Existem até flamenguistas que têm como melhor amigo um vascaíno.
Amizade é sem fronteiras.
Um amigo não se compra nem se acha gratuitamente, um amigo precisa ser descoberto.
E pode ser alguém que sempre esteve ao seu lado e você nem havia se permitido conhecer.
Um amigo se conquista fazendo florescer nele o que ele tem de melhor.
Mas sabendo acolher as suas fraquezas também.
Um amigo faz vir à tona as suas qualidades sem abafar os seus defeitos.
Ter amigo é, antes de tudo, ser um também.
Às vezes queremos encontrar um amigo que faça tudo por nós, que nos ame do nosso jeito, nos esquecendo que, no entanto, precisaremos fazer o mesmo por ele também.
Ser amigo é descobrir se no outro, unir o fio das duas histórias que a partir do momento em que se encontraram passaram a ser uma só.
Um amigo fala o que você precisa ouvir quando os outros se omitem; te compreende enquanto os outros nem se importam em te entender; lê nos seus olhos o que você não teve coragem de dizer; um amigo não exige mudança, mas te estimula a ser alguém melhor exatamente porque te ama.
É nossa moradia quando nós já estávamos fora de casa há muito tempo; um amigo tem a capacidade de nos ajudar a encontrar o nosso valor, quando nem sabíamos que tínhamos algum; um amigo sente saudades antes mesmo de você ter se despedido; é um diamante que com sua amizade você ajudou a lapidar.
Permita se conhecer o que há de mais profundo nas pessoas porque sem amigos corremos o risco de não conhecer o significado do amor, não encontrar o sentido da vida.
Agradeço aos meus amigos de verdade por terem aceitado me conhecer e terem permitido que eu os visse como eles realmente são.
Já aos que não chegaram a ser, peço desculpas por eu não ter tido a coragem de abrir meu coração por inteiro.