Sou incompleta, inacabada
me descubro e me surpreendo todos os dias
criatura feita de terra e vento
de palavra e reticências
Não sou de meias palavras, olhares atravessados, meias verdades, meio quente,
meio lúcida, meia boca
gente morna me embrulha o estômago.
Se eu, só sei ser inteira, por favor não me venha com metades.
Minha paz é dançarina.
Acho que ela pegou carona no coração dançarino do menino e ficou assim, sem modos ou talvez tenha me tornado tão infinitamente leve, que não consigo me alcançar.
Ela era uma mulher de fibra, guerreira
mas tinha mania de sentir o som
ouvir os tons
desnudar o corpo
e cantar em silêncio
"Quero desprogramar a vida, consertar a bússola do coração para encontrar o caminho dos sonhos.
Realidade demais endurece a gente.
Vou rasgar os mapas, quero férias de agendas e datas.
Eu só preciso de caminho para os meus pés."
Sou água
Há dias vivo em estado líquido
Transbordando por tudo
Desaguando em palavras
Derramando em lágrimas
Escorrendo em sua boca
Encharcando seu corpo
ATA ME
Amarre minha alma a sua em perfeita comunhão
Aperte o nó do seu corpo ao meu no êxtase da paixão
Acorrente seus braços a mim marcando minha pele com suas mãos
Amordace minha boca antecedendo os delírios que virão
Ata me com minha total permissão
Não sei ser contida, discreta.
Brigo em voz alta, rio em voz alta, sinto em voz alta.
Sou feita de barulho e de verdade.
Murmúrio não faz parte de mim
e quem não gostar, que tape os ouvidos.