INVISÍVEIS NO MUNDO
Tanta gente sem cor.
Sem pele, sem osso;
Sem dor, sem um doutor
Que cabisbaixa cambaleia pelas ruas!
Transparente aos olhos do mundo.
Tanta gente sem alma.
Sem valor, sem nada no bolso;
Perambula por ai
Invisível aos olhos de quem pode
Tem tanta gente da gente,
Sem voz, porém, que grita.
Sem palavras, porém, se expressa
Translúcida, que discursa na praça.
Tanta gente que pede,
Estende as mãos, clamando:
Sem pão pro dia;
Sem beber, sem o vinho;
Com fome e sede
E gente como a gente, que não se ver.
Tanta gente como a gente.
Sem nome e sem número;
Sem conta e sem dinheiro
Sem teto, dorme ao relento;
Sem chinelos, anda de pé no chão;
Cabisbaixa anda pelas ruas
Invisível, mas é noticia todos os dias
Notícia que não se quer ler
Que não se quer saber
Que não se quer ver
Notícias ruins
Tristeza!