Na floresta duas alcateias disputam território.
A dos lobos saciados
e a dos lobos famintos.
Enquanto isso nós símios nas árvores
seguimos a grunhir
mastigando insípidas
bananas terra.
Beber e não ser bebido.
Fumar e não ser fumado.
Cheirar e não ser..
Eis, enfim, o significado besta
de ter arreios sobre a quimera.
Nada será como antes.
Pena.
Agora somos outros!
Mas olharei ainda uma vez
no precipício dos seus olhos.
E deixarei que meu corpo caia
sem paraquedas,
nem asas de cera.
Esses biógrafos nos surpreendem com verdades inesperadas
E nós que nos projetamos em heróis imaginários
que achamos ser como nós mesmos gostaríamos de ser.
O jeito é apelar para o sonho: nele tudo é perfeito,
sem os retoques inoportunos da realidade.
Quanto mais o tempo passa
mais nossas lembranças ficam bonitas: assim lindas,
realçadas pelo brilho dos anos
que apaga tudo o que não é bom..
Quoi de neuf
Rien, je pense!
Só mesmo aquela vontade louca
de sair por aí.
Sem avesso
nem direito.
Sem nenhuns pensamentos
de voltar.
Lá fora sopram o zéfiro e o noto.
Agora que o agradável sono voou
de minhas pálpebras
manejo o controle remoto
procurando impossível alento.
A manteiga de leite desliza
derretida no pãozinho quente.
Chá de canela e o mugido das vacas
lá no curral.
Quarta linda!
Agora é içar velas
e singrar o tempo
no meio dos vapores proibidos.
Sorrisos de fotografia
e esperanças
de prazeres ternos..