Como o que há basta para a ambição dos presentes, não querem aventurar nada com a esperança, porque possuem o que nunca esperaram.
A esperança promete bens, o temor ameaça males, e entre promessas e ameaças tanto vem a se padecer o que se espera, como o que se teme.
Se não quero fazer companhia, arrisco me a ficar só.
Se quero ser amigo de todos, arrisco me a ter todos por inimigos.
Não há amor que mais facilmente perdoe, e mais benignamente interprete e dissimule defeitos, que o amor de pai.
E assim como não há mármore nem bronze tão duro que, ferido do raio do sol, não responda ao mesmo sol com a reflexão do seu raio, assim não há coração tão de mármore na dureza, e tão de bronze na resistência, que, prevenido no amor, o não redobre e corresponda com outro.
Nenhuma coisa se pode prometer à natureza humana mais conforme a seu maior apetite, nem mais superior a toda a sua capacidade, que a notícia dos tempos e sucessos futuros.
A inclinação mais natural, mais viva, e que mais fortes e profundas raízes tem lançado na natureza humana é o desejo ou apetite da glória.
Tanto foi em todas as idades do mundo e tanto é hoje, na curiosidade humana, o apetite de conhecer o futuro!
Quando o propósito do arrependimento se ajunta com a resolução do pecado, nem é arrependimento nem é propósito, porque a resolução de pecar contradiz o propósito da emenda, e o pecado presente desfaz o arrependimento futuro.