Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda minha vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.
E foi melhor nunca ter dado:
Em te pungindo algum espinho
Cinge a ao teu seio angustiado.
E sentirás o meu carinho
E a vida vai tecendo laços
Quase impossíveis de romper:
Tudo que amamos são pedaços
Vivos do nosso próprio ser.
Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples!
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Irene no Céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
Entra, Irene.
Você não precisa pedir licença.
Teresa, se algum sujeito
bancar o sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um bonde
Se ele chorar
Se ele se ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredita não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA.