Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante.
Não; é uma errata pensante, isso sim.
Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.
E se tiver um pouco de filosofia, não inveja mas lastima as que lhe tomaram o carro, porque também elas hão de ser apeadas pelo estribeiro OBLIVION.
O tempo é um químico invisível, que dissolve, compõe, extrai e transforma todas as substâncias morais.
Das qualidades necessárias ao jogo de xadrez, duas essenciais: vista pronta e paciência beneditina, qualidades preciosas na vida que também é um xadrez, com seus problemas e partidas, umas ganhas, outras perdidas, outras nulas.
O tempo, que a tradição mitológica nos pinta com alvas barbas, é, pelo contrário, um eterno rapagão; só parece velho àqueles que já o estão; em si mesmo traz a perpétua e versátil juventude.
[Trecho do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas] Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar
Como a vida é o maior benefício do universo, e não há mendigo que não prefira a miséria à morte, segue se que a transmissão da vida, longe de ser uma ocasião de galanteio, é a hora suprema da missa espiritual.
Ama de igual amor o poluto e o impoluto; Começa e recomeça uma perpétua lida; E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a morte; eu direi que é a vida.