Ausência de medo não é, necessariamente, o mesmo que presença de coragem.
E o limbo, inúmeras vezes, é a mais dolorosa das adagas e o mais cruel dos venenos.
Saber monologar com uma ausência irreversível é não destruir a lembrança dos diálogos da presença que se foi.
SINFONIA FLORIDA
Dedilho à saudade molhada
Com as águas da lembrança
Passos cantam pela estrada
Uma sinfonia à esperança.
Vida que amo além da morte
Morte que amo além da vida
Haverá estrela mais florida
Se estar aqui é toda sorte
Liberto me diariamente do imenso e difícil peso da sua ausência, ao transformar (a cada instante) o provável nada, em possível tudo.
“Muito ricos e felizes os que podem recordar a inevitável ausência da sensibilidade outrora vivida; pouco existe de mais doloroso do que a frieza e mais inútil do que as lágrimas advindas no nada que se colocou absoluto no lugar onde deveria haver (quase) tudo.”
“Pode ser abstrata e profícua qualquer sensação que nasça das ausências sinceras; mas é bem real o sofrimento que emerge de se estar nas imediações de presenças fictas ou iludidas.”
Há um espaço tempo no qual Sistema Nervoso Autônomo somente fala: Ausência de Dor! Conforto! Prazer! Mas a subjetividade humana é uma comédia ou tragédia apenas ilusoriamente cognoscíveis.
Um dia, não sem custos, a necessidade de (re)começar transforma a lacuna do que está ausência irreversível, (apenas) naquilo que se foi.