''As minhas perdas''
Procuro no meu desvairado viver,
Uma única e humilde vitória
Para colher os píncaros da glória
E algo que eu possa crer,
No entanto vejo apenas perdas
Ai e como eu perco!
Meus sorrisos inocentes
Que eram puros e doirados,
Perdi os, e ganhei outros atordoados
Que se vendem pra toda gente
Sem cobrar um único tostão,
Pois nada valem.
Meus cantos mais bonitos,
Que ecoavam em minha juventude,
Agora se resume a um barulho rude
Tal qual o cantar de corvos aflitos,
Onde estava deus, quando te foste
Não sei, não sei: é a resposta.
Quantas mãos já me acenaram ao partir,
Sem perceber o mal que me faziam,
Resignado, via aquelas sombras que se iam,
Para nunca mais voltar e de pranto me cobrir
Ai, dores que me afagam a toda hora,
Eis que vem a saudade me acompanhar.
Deixo me acostumar com estas memórias,
Talvez sejam as únicas em minha escuridão,
Não tenho nada a não ser a minha solidão
Que de fato ainda sabe me contar histórias:
Ilusões e tormentos, paz e desesperos
Tudo se atrela ao meu viver e são minhas perdas.