Preto velho
não confunda minha competência
com minha aparência
não confie
na sua ciência
creia mais
na experiência
que se o preto velho diz
essa então é a sentença
Fim de festa
rimos
brincamos
amamos
e quando no final da festa
fiz rateio
juntei tudo que tinha
pra comprar mais amor
mas já estava fechado
voltei de mãos mãos abanando
e você se foi
enquanto de amor
eu continuo embriagado
Café quente
O sorriso das outras pessoas me irrita
a felicidade alheia me incomoda
o amor está no ar
eu prendo a respiração
não desejo atrair ninguém
não tenho nada pra oferecer
além de um bocado de dor
e um café quente
seda pra fazer roupa
A vida é uma costureira muito boa
fez meu coração de porta agulha
usando minha esperança pra fazer roupa
A vida
a vida não anda pra frente
não existe pra frente
a vida segue até seu ultimo dia
erro após erro
decepções com intervalos de alegrias
o segredo é fechar os olhos
o único jeito de saber da vida é assim
deixa ela seguir seu rumo
que seu rumo é o fim
eu sou um idiota
não por não saber das coisas
mas por saber de tudo
e fazer tão pouco
ter uma mente acorrentada
uma alma atormentada
uma memória apagada
desejo algum dia
não ser mais tão idiota
pra que não seja eu na praia
me afogando em água salgada.
Moldura
o vestido não te faz
não tanto quanto teu corpo
o batom não te faz mais
não chega aos pés da sua boca
seu rosto não precisa de moldura
já és uma pintura
que eu desejo
nada enfeita mais suas bochechas como meu beijo