Vinte anos! Derramei os gota à gota,
Num abismo de dor e esquecimento;
De fogosas visões nutri meu peito.
Vinte anos! Não vivi um só momento.
As armas ensaia, Penetra na vida: Pesada ou querida, Viver é lutar.
Se o duro combate Os fracos abate, Aos fortes, aos bravos, Só pode exaltar.
E cai como o tronco Do raio tocado, Partido, rojado Por larga extensão; Assim morre o forte! No passo da morte Triunfa, conquista Mais alto brasão.
Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar.
A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar.
E pois que és meu filho, Meus brios reveste; Tamoio nasceste, Valente serás.
Sê duro guerreiro, Robusto, fragueiro, Brasão dos tamoios Na guerra e na paz.
O forte, o covarde Seus feitos inveja De o ver na peleja Garboso e feroz; E os tímidos velhos Nos graves concelhos, Curvadas as frontes, Escutam lhe a voz!