Gabriel Goldman

Saia da luz e posicione se à frente de uma porta aberta para uma sala escura.
O medo é o medo de sentir medo.
O medo não existe, é ilusão.

As mulheres bonitas pertencem aos escritores fracassados.

O poeta é um cleptomaníaco do cotidiano.

O Brasil é um matadouro de gênios.

Eu sou velho de pele nova.

O amor tem cheiro de prova do jardim de infância feita no mimeógrafo.

Lava mais branco
O meu coração
é uma Brastemp 12 kg.
Lava, limpa e centrifuga
tristeza.

O meu coração é um Fusca 72 que ainda ronca o motor como se estivesse novo.

O melhor amigo do Homem, é a solidão.
Ele passa a fazer mal apenas a si próprio.

Ele se escondia
No quarto
E se trancava
Por dentro
Por medo
Dos Homens.

O meu peito é um jazigo quando você morre.

Poeta preto é rapper.
Escritor preto é rapper.
MC não lança livro, não vende igual Mc Donalds.
Machado de Assis não era branco, era rapper.

Deus expulsou Lúcifer dos céus, porque ele era poeta.

Sorria; ame, chore e viva
Sorria;
Por mais que lhe falte dentes,
E o único for amarelo.
Ame;
Por mais que lhe falte amor,
E o único for passageiro.
Chore;
Por mais que lhe falte dor,
E o único for alegria.
Viva;
Por mais que lhe falte saúde,
E o único suspiro.

Infinda
Se eu cantar
Me escute
Calada
Pois quando
Eu cantar
Eu quero te sentir
Cativa
Se eu chorar
Me abrace
Outrora
Pois quando
Eu chorar
Eu quero ouvi la dizer
Não fiques assim
Se eu cair
Me afunde
Impiedosa
Pois se contigo
Eu cair
Eu já estarei fraco
Me poupe a dor
Me mate
Se eu morrer
Que chova
Sangue
Dos teus olhos
Pois quando
Eu morrer
Eu quero te ver
Aos prantos
Sigam até ti
Tempestades
E dores de parto
No coração
E se o amar
Fora só poesia
E se for só poesia
Te amar
Será infinda amada
Será para sempre
Poesia.