Ah! Ser indiferente!
É do alto do poder da sua indiferença
Que os chefes dos chefes dominam o mundo.
(Álvaro de Campos [Heterônimo de Fernando Pessoa], (escrito em 12.1.1935), In Poesia)
Para quê olhar para os crepúsculos se tenho em mim milhares de
crepúsculos diversos alguns dos quais que o não são e se, além de
os olhar dentro de mim, eu próprio os sou, por dentro
Breve o dia, breve o ano, breve tudo
“Breve o dia, breve o ano, breve tudo.
Não tarda nada sermos”.
(Trecho Ricardo Reis [Heterônimo de Fernando Pessoa], (escrito em 27.9.1931))
"É talvez o último dia de minha vida.
Saudei o sol levantando a mão direita, mas não o saudei dizendo lhe adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver".
(Poemas inconjuntos Alberto Caeiro)
Uma inquietação enorme fazia me estremecer os gestos mínimos.
Tive receio de endoidecer, não de loucura, mas de ali mesmo.
O meu corpo era um grito latente.
O meu coração batia como se falasse.
Não é de minha autoria, mas me sinto bem toda vez que leio.
Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho.
(Fernando Pessoa)
O bem é um mal necessário.
Se não existisse o bem, ou a ideia dele, não conheceríamos o mal, portanto o bem é ele próprio um mal, e é necessário (para conhecer o mal): um mal necessário.
Q.E.D.
Ah, a Esta Alma Que Não Arde
"AH, a esta alma que não arde .
Não envolve, porque ama,
A esperança, ainda que vã,
O esquecimento que vive
Entre o orvalho da tarde.
E o orvalho da manhã
"Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer se, fazer cousas, deixar rastro."
"E houve pasmos de toda a realidade ser só isto/ Mas a vida era a vida e só era a vida"
O gênio é a maior maldição com que Deus pode abençoar um homem.
Deve ser sofrido com o mínimo possível de gemidos e queixumes, com uma consciência tão grande quanto possível da sua divina tristeza.
Partir!
Nunca voltarei
Nunca voltarei porque nunca se volta
O lugar que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia.
Um dos aspectos da desigualdade é a singularidade – isto é, não o ser este homem mais, neste ou naquele característico, que outros homens, mas o ser tão somente diferentes deles.
(Aforismos e afins)
Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda te de rosas, ama, bebe
E cala.
O mais é nada.