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Fernanda Mello

Pior do que se sentir perdida é perder se em si mesmo.
No emaranhado do que você acredita misturado ao que você é ou era.
O que você acredita, apostando corrida com o que você mais detesta.
O que você tem, jogando palitinhos com o que você quer.
Seu amor e suas dores na linha de chegada e o coração de juiz em dia de clássico.
Eu não sei se você entende o raciocínio de quem não tem raciocinado ultimamente ou se entende o porquê de certas coisas que não se explicam.
Quando a cabeça não pensa o corpo padece.
Mas quando a cabeça pensa demais será que nossa alma enriquece
Você cheio de indagações e de táticas que não fazem o menor sentido.
(pelo menos para você ou pelo menos naquele momento).
Suas certezas mudam, suas prioridades deixam de ser prioridades já que você nem sabe mais o que deseja.
Até sabe, mas está tão longe e você tão cansado que o mais fácil é deixar que as prioridades te encontrem e você pode fugir do que não interessa.
Seus princípios enfraquecidos te cobram uma atitude e você cobra a coragem.
Seus olhos pesam e seu coração já bate fraco.
De tanto que bateu a vida inteira.
De tanto chorar amor e fracassos.
De tanto chorar pelo leite derramado você decide que se entender é complicado demais.
O quente queima e o frio é gelado demais, vai o morno mesmo que não causa sensação alguma e no momento você não tem sequer condições de sentir algo.
Sentir dá trabalho e trabalho acarreta uma série de responsabilidades.
Responsabilidade é chato demais e não aquece seus pés nos dias frios.
Você enfim, opta por decidir somente pelo necessário.
Pelo que realmente vai fazer alguma diferença em sua vida e desiste de tentar equilibrar se, isso é para artista circense e você nem gosta tanto de circo.
Melhor deixar assim.
Uma porta de saída e uma de entrada.
O que vale fica e o que não vale que valesse.
Nada de culpa ou de noites mal dormidas, nada de coração na boca em de frio na barriga.
Certas coisas não se explicam.
Não existem palavras que as descrevam ou soluções que as resolva.
Sentimentos, gestos, sonhos e sorrisos.
A alma entende e a boca cala.

É aquela velha história.
Amor, pra mim, só dura em liberdade.
Nasci pra ser livre e – quem quiser – que me aceite assim.
Tenho um coração que quase me engole, uma força que nunca me deixa e uma rebeldia que às vezes me cega.
Sou guerreira.
Sou druida.
Sou filha da lua.
Quero sempre o voo mais alto, a vista mais bonita, o beijo mais doce.
Tenho um jeito de viver selvagem, mas sou mansa com quem merecer.
Não gosto de café morno, de conversa mole, nem de noite sem estrela.
Sou bem mais feliz que triste, mas às vezes fico distante.
E me perco em mim como se não houvesse começo nem fim nessa coisa de pensar e achar explicação pra vida.
Explicação mesmo, eu sei: não há.
E me agarro no meu sentir porque, no fundo, só meu coração sabe.
E esse mesmo coração que me guia e não quer grades nem cobranças, às vezes me deixa sem rumo, com uma interrogação bem no meio da frase: O que eu quero mesmo
Por isso, eu te peço (de um jeito meio sem vergonha, que é assim que eu costumo ser): se eu gostar de você, tenha a gentileza de não me deixar tão solta.
Não me pergunte aonde vou, mas me peça pra voltar.
Sou fácil de ler, mas não tente descobrir por que o mesmo refrão insiste em tocar tanto.
Se eu gostar de você, tenha a delicadeza de também gostar de mim.
E me deixe ser, assim, exatamente como eu sou.
Meio gato, meio gente.
Desconfiada.
E independente.
E adoradora de todos os luxos e lixos do mundo.
Quer me prender Nem tente.
Quer me adorar A escolha é sua, meu amigo, vá em frente!