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Demétrio Sena Magé RJ.

DNA LITERÁRIO
Demétrio Sena, Magé RJ.
Nestes tempos em que parece que tudo já foi dito e feito, é bom tomarmos muito cuidado com as nossas ideias originalmente "geniais" e até que se prove o contrário, originais.
Como temos as facilidades da web, não custa nada pesquisarmos para saber se alguém já não teve as mesmas ideias.
Bem recentemente aconteceu comigo algo meio frustrante: compus um texto inicialmente "genial", na minha secreta opinião, pela suposta originalidade na construção vertiginosa do mesmo.
Feliz da vida, mas responsável, decidi pesquisar.
Não demorei a me surpreender com a constatação de que o texto, embora fosse original na escrita, ou na redação, tinha o mesmo engenho de um poema já famoso.
Não houve plágio nem cópia, mas a construção de minha escrita fazia lembrar o poema famoso do qual estava esquecido havia tempo mas habitava o meu inconsciente.
Ler ambos os textos era como ouvir as músicas Esqueça, de Roberto Carlos, e Pense em mim, gravada pela dupla sertaneja Leandro e Leonardo.
Ou assistir ao clássico mundial O mágico de Oz e à minissérie brasileira Hoje é dia de Maria.
À eterna escolinha do Chaves e a também eterna escolinha do Professor Raimundo.
Cada qual com seu texto e construção; recursos universais.
Sem cópias ou plágios; porém, todos bebendo em fontes parecidas.
Pondo carnes diferentes em esqueletos semelhantes.
Pela consciência de não ter copiado nem cometido plágio, publiquei o texto.
No entanto, me senti mal.
Desconfortável.
Não demorei a retirar.
Devo desconstruí lo, tirar da forma em comum, reconstruí lo e criar um esqueleto próprio para suas carnes.
Toda alma reclama um corpo seu.
Somente seu.

AS MAZELAS DA ESCOLA CONTRA CULTURA
Demétrio Sena, Magé RJ.
Precisamos vencer essa cultura perversa e velada de que a escola é apenas uma jaula de conhecimentos formais cristalizados para fabricar tão somente futuros profissionais.
Da mesma forma, é preciso vencer a ideia de que a escola só deve permitir aos seus alunos, pelos menos em suas dependências, o acesso restrito aos livros didáticos e paradidáticos rigorosamente monitorados pela burocracia do mercado educacional.
Por que razão ninguém sabe, a escola tenta fazer com que o aluno seja o único a não saber que a literatura fervilha com novidades.
Que as artes ganharam caras e nomes novos.
A música se vestiu de novos ritmos.
O mundo se democratizou nos campos da cultura geral.
Parecem o fim dos tempos, estes em que a escola, que deveria formar cidadãos conscientes, é uma das mais notórias ferramentas anticidadania de que se dispõe.
Os burocratas da educação se tornaram auxiliares eficientes do poder público, na missão de alfabetizar sem aculturar; modelar ovelhas sociais, para que as ditaduras vindouras não encontrem resistências como no passado.
Afinal,os ditadores que toleram a pseudodemocracia dos nossos tempos não querem mais conviver com gênios esquerdistas; mártires de oposição; mestres do inconformismo; pessoas capazes de levar o povo a pensar novamente.
É assim que vejo a escola contemporânea, pública ou particular, de nossos filhos crianças ou adolescentes:Oficinas de andróides bem ou mal equipados, com chips de baixa ou alta intelectualidade, mas com algo em comum:feitos para obedecer, mesmo quando pensarem que se rebelam; para se autodestruírem,ainda que julguem lutar contra um sistema que nunca estará fora.
Estará dentro deles, e terá sido instalado pela escola se depender só dela.

PÚBLICO E PRIVADO: NA MESMA PRIVADA
Demétrio Sena, Magé RJ.
Ouvi, na escola pública em que trabalho, um colega diminuir verbalmente os professores da rede particular, com afirmações como: "se estou no serviço público é porque fiz um concurso e passei; portanto, sou mais qualificado.".
Para não ser chamado ao assunto e dizer o que penso, que certamente o chatearia, saí da sala dos professores e fui planejar o meu trabalho em outro ambiente.
Não vejo assim.
Não acho que o professor da escola pública ou qualquer outro servidor público seja mais qualificado que os funcionários de qualquer empresa privada, porque passou em concurso.
Creio que passar em concurso público implica uma série de circunstâncias que nem sempre têm a ver com capacidade maior ou menor do indivíduo.
Seria prolixo discorrer sobre as mais diversas questões que envolvem o não ingresso na máquina de um dos poderes.
Uma delas é não desejar fazê lo.
A outra é a decisão de não insistir, depois de uma ou duas tentativas, não por insegurança ou frustração, mas por tranquilidade, mesmo.
Também não acho que seja o contrário; que os funcionários das empresas privadas sejam mais capacitados que os servidores públicos.
Considero que de ambos os lados existem os competentes e os incompetentes; os de boa e má vontade; os comprometidos e os sem compromisso com a causa.
Os que amam e dão a vida pelo que fazem, e os que não estão "nem aí" para os resultados de seu trabalho, porque não interessa o próximo.
Por fim, não tenho problema em afirmar que o que leva um servidor público a diminuir um funcionário particular é o preconceito social.
Tem a ver com segregação por causa da diferença de proventos e do falso status conferido por não se sabe quem ou quê ao indivíduo que trabalha para o poder público.
É estatutário.
Se eu fosse meu colega, teria cuidado ao expressar esse preconceito, para não ter que ouvir, em algum momento, máximas ou assertivas que não deseja.
Um exemplo disto seria o que já ouvi, de um professor de rede privada: "o professor público só precisa ser competente uma vez; ou seja; na hora de prestar concurso.
Já o professor da rede particular, se quiser manter o emprego tem que ser competente a vida inteira.".
Como se vê, cada lado tem os seus argumentos e artifícios para menosprezar o outro.