Frases.Tube

Demétrio Sena Magé RJ.

PARA GOSTAR DE LER
Demétrio Sena, Magé RJ.
Jamais obrigue o seu filho a ler.
Seduza o.
Quem é constantemente obrigado a fazer algo, tudo com o que sonha para o futuro é justamente o dia em que não terá mais de fazer aquilo.
Mas quem é seduzido, não.
Esse aprende a gostar, e a cada dia se apega mais ao ato de seja lá o que for de bom ou ruim que alguém lhe apresente com as devidas táticas de sedução.
Um exemplo forte, mas negativo dessa verdade está na forma com que os traficantes de drogas induzem crianças e jovens ao vício, e depois ao tráfico.
Eles traçam projetos de sedução pela falsa ideia da inclusão em grupos ou galeras, e logo à frente a fantasia de força, dinheiro e poder de afrontar a sociedade que os relegou à má sorte via família, poder público e predadores econômicos.
Leia para seu filho, desde a sua gestação.
Ele não entenderá palavras e sons, mas um feto já é capaz de sentir o mundo externo pelas vozes que o rodeiam.
Se forem vozes agradáveis, carinhosas e sedutoras, ele se formará sadio.
Se forem vozes agressivas, indiferentes ou frias, o efeito será o contrário.
Assim será por todo o processo de sua educação, se nós conseguirmos manter o hábito, incentivando os a ler, mas também permitindo que eles não gostem de alguns livros ou leituras que apreciamos e gostem de outros que não correspondem aos nossos gostos.
Pais que leem; que promovem cultura, bom entretenimento e ambiente saudável, quase sempre criam bons filhos.
Quase sempre, porque às vezes a natureza humana surpreende com cidadãos de boa índole criados por maus pais, ou com cidadãos de má índole criados por pais amáveis e zelosos.
Anomalias da vida, mas que não devem nos acomodar na criação dos nossos.
Voltando aos livros, criemos filhos atentos ao mundo que os rodeia; filhos capazes de compreender os enunciados da vida e ler as pautas do tempo ao pé da letra ou nas entrelinhas.
Para tanto, é necessário seduzi los com livros; com o hábito não obrigatório de ler.
Faremos isto, se formos tão ou mais eficientes e sedutores do que os traficantes de drogas.

A ESCOLA E O TALENTO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
A educação que a escola oferece não pode fechar os olhos para a cultura e o talento, seja ele nas artes, nos esportes ou nos ofícios, ainda que dissociados da formação acadêmica.
A escola deve reconhecer que não se aprende a ter talento, embora ela tenha como ajudar no mesmo; e quando alguém se revela talentoso, boicotar ou demonstrar menosprezo a depender de sua formação intelectual ou cultura fere todos os princípios da educação.
Quando, por exemplo, menosprezamos o jogador de futebol, o MC, o DJ, o cantor de hip hop ou de funk dotados de conteúdo relevante, só porque alcançaram sucesso e fortuna mesmo sem formação escolar, evidenciamos uma triste contradição: somos arautos e atores do futuro de nossas crianças e nossos jovens, da dignidade, a cidadania, o sonho, a liberdade, o sucesso pessoal, mas ao mesmo tempo execramos tudo isso, por haver faltado a “sagrada grade curricular acadêmica”.
Isso também revela o despreparo de uma classe que perde a classe por despejar suas frustrações com os governantes ou empregadores em quem buscou o sucesso por outros caminhos e o alcançou.
Em um país onde a formação escolar é um calvário para os mais pobres, deveríamos ficar felizes pelos artistas, desportistas, prestadores de serviços, ambulantes, negociadores e afins que desafiaram a falta de oportunidades e arrombaram as portas informais do sucesso.
Valorizemos o talento e incentivemos o seu exercício entre nossos alunos, sem nenhuma cobrança ou atrelamento a notas, empenhos e desempenhos escolares.
O talento, por si só, não atende a essa demanda.
Devemos mostrar ao jovem talentoso que os estudos o ajudarão a lidar melhor com o sucesso e seus resultados perante a sociedade, mas não conseguiremos convencê lo de que sua arte ou seu ofício livre não sobreviverá sem a escola.
Cultura, educação e talento se fortalecem de mãos dadas, mas respeitemos os fenômenos.
Os que venceram de maneiras informais, inusitadas e até solitárias.
Foram aprovados pelo mundo, ainda que reprovados por nós.
O respeito nos representa melhor bem melhor do que o despeito que às vezes assola nossa humanidade nem sempre imune aos sentimentos menores advindos de tantas injustiças contra o educador.