A verdadeira caridade é impalpável como a luz e invisível como o perfume: dá o calor, dá o aroma, mas não se deixa tocar nem ver
É a mensageira da saudade, é o relicário da prece, é a cristalização da mágoa.
É imortal, porque deriva da alma.
É a água que não seca, a lágrima, água do coração salgada porque vem de um oceano sem praias, que é o desespero, estrela porque demanda o céu.
O homem é o ímpeto, a mulher é a continuidade que, na sua fraqueza, vence como a gota de água: pela persistência.
O homem investe arrebatadamente como Ájax; a mulher insinua se como Dalila.
O homem apunhala; a mulher envenena.
O homem é impaciente, a mulher espera.
O encanto da mulher é mais subtil e penetrante, do que a luz, e, por qualquer dos sentidos, que todos são pontes para o pecado, leva a desordem à alma.
Não perguntes à Felicidade quem ela é nem de onde veio: abre lhe a porta para que ela entre e fecha a bem aferrolhada, para que não fuja.