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Cláudia Dornelles

"A honra, o discurso e o bom senso.
BOM SENSO Morre sem data definida senhor alto, de bom tônus muscular e dotado de ótima reputação.
Dizem que foi sepultado.
Há quem creia que será cremado.
Fico com os mais espiritualizados, ele não morre, às vezes desfalece, e isso é tudo.
Muito se fala em 'coração'.
Mandam beijo até para ele nas conversas mais carinhosas, o que nos leva a crer que ele se materializa em muitas situações.
Recomendam que se faxine o dito cujo com a freqüência que se escova os dentes.
Dizem por aí que fulano é de 'bom coração'.
A medicina, no entanto, é categórica: se trata de um músculo e, como qualquer um, também deve ser estimulado.
Se não se vê na prática o que se discursa, é retórica.
E retórica impressiona, mas não se mantém, pois é facilmente desmentida pelo próprio orador.
Tenho para mim que a medicina me ampara melhor neste momento.
Mandar um beijo para o coração e dizer se 'bom coração' é apenas discurso.
Gente que discursa só, permanece só, mas gente que discursa acompanhada, propõe seu prosseguimento no que é bom e no que é mau.
E pelo que é bom e no que é mau, é responsável tanto quanto aqueles que se cercam da sua oratória.
Eu não quero ser estimada por quem eu não admiro.
Eu quero ser respeitada por quem é digno da minha admiração.
Às vezes, não é o outro que não quer estimar, somos nós que devemos escolher a quem estimar e a quem dar o direito de nos honrar, estimar e respeitar.
A nossa honra, em primeiro lugar, tem de ser uma certeza de nós mesmos.
Reconhecer um erro, pedir desculpas e trabalhar para corrigir é o mínimo esperado, mas muitos acham que merecem uma medalha por isso.
Decreto para o lixo:
Desafetos, frustrações, tristezas e tudo aquilo que roubou minha atenção e estima e que não é merecedor do meu respeito, tempo e consideração."

Vamos descombinar
A gente caminha pela vida fazendo acertos de todas as ordens.
Primeiro são os que se destinam aos pais.
Temos a necessidade de deixar combinado nosso compromisso em fazer tudo adequado, certo, dentro do esperado.
O esperado por eles, claro.
Depois vêm os acertos que fazemos com a vida.
Alguns que sequer raciocinamos direito.
Mais ou menos como se assinássemos um cheque em branco só porque o credor vida nos parece da mais alta confiança.
Nem sempre.
Será
Com ela combinamos, combinamos, combinamos.
Combinamos concluir com êxito os estudos, aprender a nadar, entrar para faculdade, concluir a faculdade, conseguir emprego, falar inglês.
A lista não termina porque a vida não terminou.
Acertos que fazemos em momentos em que éramos outros.
Sim, outros.
Escrevendo, me ocorre, sem nenhum planejamento, a letra do Caetano que bem poderia ser dedicada para a vida, num trecho que nos permite algumas leituras e releituras internas "Você é meu caminho ( ) desde o início estava você ( ) meu mar e minha mãe, meu medo e meu champanhe.
Visão do espaço sideral.
Onde o que eu sou se afoga! Meu fumo e minha ioga, você é minha droga, paixão e carnaval Meu Zen, Meu Bem, Meu Mal ( )"
É isso: "onde o que eu sou se afoga! " Na era das combinações o que nós somos às vezes se afogar pelo que fomos, éramos ou pensávamos ser ou pensaram que fossemos.
Mesmo que haja alguém com a crença terrível de que somos os mesmos desde o útero.
Devo dizer que invejo essa pessoa.
Ela deve ser bem menos inquieta que eu.
Gente que acredita que não mudou nada, por favor, não leia essa crônica.
Ela lhes soará como um acinte quando só quer propor um assunto.
Não.
Não é uma provocação.
É uma constatação.
Mas, se essa constatação lhe provocar algo, aproveite.