Chico Buarque

E nada como um tempo após um contratempo pro meu coração.

És pagina virada; Descartada do meu folhetim.

Sinto que, ao cruzar a cancela, não estarei entrando em algum lugar, mas saindo de todos os outros.

Tantos rodeios pra enfim me roubar; Coisas que dele já são

Morre de amor quem é capaz.

Ao povo nossas carícias
Ao povo nossas carências
Ao povo nossas delícias
E nossas doenças

Eu sei que o sonho era bom porque ela sorria até quando chovia.

Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
saiba que os poetas como os cegos podem ver no escuro.
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
ME LEVE ATÉ O FIM!

Um coração saliente bate
E bate muito mais que sente

Eu tô só vendo, sabendo,
Sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me ofende, humilhando, pisando,
Pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo as pernas de louça da moça que passa
e eu não posso pegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vou virar artista
Ficar famosa, falar inglês
Autografar com as unhas
Eu vou, nas costas do meu freguês

Esse silêncio todo me atordoa; Atordoado eu permaneço atento

Futuros amantes, quica, se amarao sem saber, com o amor que eu um dia deixei para voce