Charles Bukowski

Posso viver sem a grande maioria das pessoas.
Elas não me completam, me esvaziam.

Você foi, certa vez, suficientemente forte para viver sozinho.

As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais.
E eu teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava.

Viver é um problema.

Beleza não vale nada e depois não dura.
Você nem sabe a sorte que tem de ser feio.
Assim quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão.

As festas me deixavam doente.
Detestava as falsas aparências, os jogos sujos, os namoricos, os bêbados amadores e os chatos.
Como solitário, eu não suportava invasões.
Isto não tinha nada a ver com ciúmes, simplesmente não gostava de pessoas, multidões, onde quer que fosse, exceto nas minhas leituras.
As pessoas diminuíam me e deixavam me sem ar.

Não, eu não odeio as pessoas.
Só prefiro quando elas não estão por perto.

Eu estava longe de ser uma pessoa interessante.
Não queria ser uma pessoa interessante, dava muito trabalho.
Eu queria mesmo um espaço sossegado, e obscuro pra viver a minha solidão; por outro lado, de porre, eu abria o berreiro, pirava, queria tudo, e não conseguia nada.

Raramente encontro uma pessoa rara ou interessante.
É mais que perturbador, é um choque constante.

As pessoas são interessantes no início.
Aos poucos, porém, todos os defeitos e loucuradas botam as manguinhas de fora, é inevitável.
Começo a significar cada vez menos pras pessoas, e elas pra mim.

“Raramente encontro uma pessoa rara ou interessante.
É mais que perturbador, é um choque constante.
Está me tornando um maldito mal humorado.
Qualquer um pode ser um maldito mal humorado, e a maioria é.
Socorro! ”

As pessoas são interessantes no início.
Aos poucos, porém, todos os defeitos e loucuradas botam as manguinhas de fora, é inevitável.

Por mínimo que seja o que um homem possua, sempre descobre que pode contentar se ainda com menos.

Quando a gente acha que chegou no fundo do poço, sempre descobre que pode ir ainda mais fundo.
Que escrotidão.

Eu gostava do lugar, tinha grandes árvores que davam sombra, e desde que algumas pessoas haviam me dito que eu era feio, sempre preferia a sombra ao sol, a escuridão à luz.