Eu estava diante das dunas,
Surgiu por detrás de mim,
Uma aparição morena,
Por detrás das minhas costas,
Um homem belo,
Tatuado e bem malhado,
Do jeito que toda mulher gosta,
Senti me por um instante indefesa,
Eu me comportei como a sua presa,
Mas o olhar dele não era para mim.
Ele pegou um toco de madeira,
Sem me mexer, fiquei aguardando,
Ele se dirigiu para a beira da praia,
Dono de uma beleza que me roubou
O ar e me fez ficar desconcertada,
Imaginei a cadência de cada ‘estocada´,
O tempo parou para me ver deliciada,
Mas isso não vem ao caso ,
Ele com a fúria ensandecida de Netuno,
Desferiu golpes certeiros na cabeça da coitada,
O sangue se misturou com as areias,
Um casal de jovens ficou admirado,
Todos estavam convictos que esse era o certo,
E esclarecidos que havia de ter sido feita a escolha,
A vida entrou em jogo, já que ela estava em desequilíbrio
Cena que muitos ali pararam para se questionar,
a vida e o limiar
A Natureza ou a soberania da Humanidade,
O vento e o sopro da existência,
A preservação da vida e a conveniência,
a ótica multipolar
Todas encerradas ali,
E desaparecidas na areia,
Ele desapareceu como areia,
com o ritmo da ampulheta
Assim escreveu se essa história:
o homem, a areia e a serpente;
E o mar como a maior testemunha.