Conhece te a ti mesmo.
Máxima tão perniciosa quanto feia.
Qualquer pessoa que se observe cessa o seu próprio desenvolvimento.
A lagarta que tentasse 'conhecer se bem' jamais se tornaria uma borboleta.
Há doenças extravagantes que consistem em se querer ter o que se não tem.
Devemos ficar à espera de tudo o que vier a nós, sem desejarmos o que não temos.
Desejando apenas o que vier.
Cada espera não deve ser um desejo, só mesmo uma disposição para acolher.
Livros tinham me mostrado que toda liberdade é provisória e que consiste apenas em escolher uma escravidão ou, pelo menos, uma devoção, como a semente dos cardos voa e vagueia, buscando o solo fecundo onde fixar raízes e que só floresce imóvel.
Em verdade, da felicidade que alça voo à custa da miséria eu não quero.
Uma riqueza que priva alguém de alguma coisa, eu não quero Se minha roupa desnuda outrem, andarei nu.
Creio também que, nisto como em tudo, as frases nos enganam, porque a linguagem nos impõe mais lógica do que tem muitas vezes a vida; e que o que há de mais precioso em nós é o que permanece informulado.
Já escrevi e estou sempre disposto a voltar a escrever o seguinte, que se me afigura de uma evidente verdade: «É com os bons sentimentos que se faz a má literatura».
Nunca disse, nem pensei, que só se fazia boa literatura com maus sentimentos.
Para bem julgarmos é preciso afastarmo nos daquilo que julgamos, depois de havermos estimado.
Isto é verdade quanto aos países, aos seres e nós próprios.