Eu sempre soube dos seus defeitos, da sua bipolaridade e dos seus medos; mas nunca quis ou tentei de mudar, te aceitei assim, cheio de falhas.
Na minha vida você sempre teve a suíte presidencial, cheio de carinho, cheio de mimos, cheio de amor.
Te dei o meu melhor, tudo o que havia de bom em mim, e você nunca se esforçou pra me dar metade de tudo o que te dei.
No seu coração o lugar que cabia à mim, era o quartinho da empregada; escuro, pequeno e vazio.
Vivi ali por algum tempo, cheia de medos tentando te ajudar a superar os seus.
Me fiz pequena pra te deixar crescer, te deixar com espaço.
Engoli o orgulho, passei por cima dos meus conceitos, fechei meus olhos pra tudo de errado que você fez, aceitei sua molecagem, sua sacanagem; na esperança que você mudasse, que você me valorizasse.
Gostei de você mais que à mim.
Te dei tudo, te dei muito, em troca recebi um quase nada.
Talvez você achou que a suíte presidencial era pouco, e o quartinho da empregada era muito pra mim.
Você foi embora e não arrumou a bagunça que deixou; me despejou, me mandou pra rua, meus sentimentos espalhados pela calçada, minha confusão misturada com a tua.
Passei meses tentando me levantar, tentando juntar o que havia me restado.
Quando me levantei, achei meu amor próprio jogado no meio da rua, pisoteado com pegadas suas.
Me amei, me mudei pra minha suíte, mudei por dentro e por fora, arrumei a tua bagunça, joguei fora tudo o que não prestava, tudo o que era seu.
Fiquei com o meu muito, e você com o seu pouco.
Justiça foi feita.
Você, com sua falsa alegria e total liberdade, tem muitas e ao mesmo tempo não tem nenhuma; vai para as festas com os amigos, copo cheio e coração vazio; alegria de dia, solidão de noite.
Eu, mais forte, mais madura, mais esperta, mais mulher; sou feliz com o meu amor próprio, e com o amor de outra pessoa.
Superada.
Realizada.
Amada.
Valorizada.
Feliz.
Te agradeço, tudo o que vivi com você me fez caminhar até aqui, me preparou pra este momento.
Hoje eu sei, há males que vem para o bem.