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Roland Barthes

Decidi então tomar como guia de minha nova análise a atração que eu senti por certas fotos.
Pois pelo menos dessa atração eu estava certo.
Como chamá la Fascinação Não, tal fotografia que destaco e de que gosto não tem nada do ponto brilhante que balança diante dos olhos e que faz a cabeça oscilar; o que ela produz em mim é exatamente o contrário do estupor; antes uma agitação interior, uma festa, um trabalho também, a pressão do indizível que quer se dizer.
Então Interesse Isso é insuficiente; não tenho necessidade de interrogar minha comoção para enumerar as diferentes razões que temos para nos interessarmos por uma foto; podemos: seja desejar o objetovo, a paisagem, o corpo que ela representa; seja amar ou ter amado o ser que ela nos dá a conhecer; seja espartamo nos com o que vemos; seja admirar ou discutir o desempenho do fotógrafo, etc.; mas esses interesses são frouxos, heterogêneos; tal foto pode satisfazer a um deles e me interessar pouco; e se tal outra me interessa muito, eu gostaria de saber o que, nessa foto, me dá estalo.
Assim, parecia me que a palavra mais adequada para designar (provisoriamente) a atração que sobre mim exercem certas fotos era "aventura".
Tal foto me advém, tal outra não.
O princípio da aventura permite me fazer a Fotografia existir.
De modo inverso, sem aventura, nada de foto.
Cito Sartre: "As fotos d eum jonal podem muito bem 'nada dizer me', o que quer dizer eu eu as olho sem pô las em posição de existência.
Assim as pessoas cuja fotografia vejo são bem alcançadas através dessa fotografia, mas sem posição existencial, exatamente como o Cavaleiro e a Morte, que são alcançados através da gravura de Dürer, mas sem que eu os ponha.
Podemos, aliás, deparar com casos em que a fotografia me deixa em um tal estado de indiferença, que não efetuo nem mesmo a 'colação em imagem'.
A fotografia está vagamente constituída como objeto, e os personagens que nela figuram estãos constituídos como personagens, mas apenas por causa de sua semelhança com seres humanos, sem intencionalidade particular.
Flutuam entre a margem da percepção, a do signo e a da imagem, sem jamais abordar qualquer uma delas".
Nesse deserto lúgrube, me surge, de repente, tal foto; ela me anima e eu a animo.
Portanto, é assim que devo nomear a atração que a faz existir: uma animação.
A própria foto não é em nada animada (não acredito nas fotos "vivas") mas ela me anima: é o que toda aventura produz.