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Linda Lacerda

A flor nossa de cada dia!
Parece piegas falar que pode se encontrar uma flor para cada dia, mas fácil, muito fácil, encontrar uma flor para todos eles Eu procuro flores em todos os dias da minha vida.
E foi assim que construí um jardim num solo quase infértil, onde poderia haver somente espinheiros Algumas pessoas nascem em terra erguida e arada pelas mãos caprichosas do destino.
Essas já receberam o seu próprio jardim, construído, plantado e regado pela vida Mas sou persistente e descobri que se a vida não fertilizou a parte que me foi dada, revolvi eu mesma arar a terra seca e dela fiz brotar a minha flor de cada dia E assim sigo procurando e graças a Deus, encontrando flores para darem sentido e colorido a eles.
Há aqueles dias em que encontro uma flor entre os rochedos Aquela que nasceu por acaso, solitária e quase sempre despercebida por estar em lugares ermos e que para encontrá la temos que escalar montanhas Eu sei que essa é flor do alento Que me diz que embora às vezes me sinta desolada, ainda trago em mim a beleza que olhos sensíveis encontrarão Colho a flor da gratidão, essa muito rara de se encontrar, pois está plantada em lugares quase nunca percorridos no coração das pessoas que sofrem mais que eu e nem por isso se desesperam ou renegam a existência Encontrar a flor nossa de cada dia é mais ou menos assim como jogar o jogo do contente Quando pequenas coisas me deixam feliz, por mais simples que sejam para outras pessoas, eu sei que encontrei a bela flor da alegria Essa eu colho aos ramalhetes e oferto aos que passam pelo caminho Ela é como flor do campo Nasce em todos os lugares, basta que se tenha sensibilidade para enxergá la Está em pequenos gestos que fazemos ou recebemos Há a flor da simplicidade quando recebo uma boa noticia, quando vejo cores onde a vida insiste em me mostrar preto e branco Flor de sentimento quando reencontro um amigo querido que há muito não via quando alegro me com a alegria dos outros Há uma flor para os meus dias de melancolia quando vejo que a introspecção é um tempo que precisamos para vasculharmos o nosso interior e, por conseguinte voltarmos melhor Há uma flor para os dias em que penso que vou me atolar no pântano da vida e penso que de lá é que brotam maravilhosas flores de lótus Encontro a linda flor da esperança quando vejo pessoas que há muito a perderam, e vagam pelo mundo se revolvendo em pesadelos, desejando que houvessem morrido antes de nascer Há flores de otimismo para enfeitar os dias em que amanheço de olhos voltados para o futuro, sonhando, e tentando tornar meus sonhos realidade Há pequeninas flores quase imperceptíveis que nascem à beira do caminho sem que ninguém as semeie São as flores da “felicidade sem motivo” Dia em que descubro que devo ser grata por tudo e achar graça em todos Que ela está nas coisas que menos valorizamos, mas que seguem ao longo da nossa estrada, tentando se fazerem vistas Procure a sua flor de cada dia E regue a para que continue a perfumar e enfeitar cada um deles, por mais descoloridos e tristes que pareçam

A difícil arte de ser quem sou!
Não é fácil ser quem sou Não trilho pela vida em caminhos planos, em brancas nuvens, mas também não passarei em branco Não deixarei vazia a parte que me coube neste mundo Vou retocando este croqui que nunca chega à arte final, mas espero que ao fim, eu possa entregá lo se não perfeito, mas acabado, um projeto do qual a vida me encarregou e que é meu dever fazê lo da melhor forma possível Quase nada recebi como subsidio para chegar até aqui Quando me trouxeram nada me deram além de uma planta desenhada pelo destino, que nunca representou o que sonhei um dia ser, a qual no compasso do tempo fui modificando, nada encontrei senão um terreno vazio e inóspito esperando por mim, no qual afixaram uma placa cujas inscrições eram: “Esta será você Esforça te e seja alguém" Tive que fazer do material bruto matéria prima para iniciar o que hoje sou Claro que trago calos e calos na alma pelas muitas vezes que tive que me reerguer sozinha, lutando contra tudo que tentou me desmanchar Não é fácil construir se sem ter tido moldes, terreno propício e estrutura Pouca ajuda tenho do destino e o tempo só torna mais feia e sem brilho a minha pintura íntima Tenho que correr atrás de novas cores que não o preto e branco que a vida me entregou, trazendo novas tonalidades para dentro de mim, dando pinceladas aqui e ali para disfarçar defeitos, colorir meu interior Neste meu árduo trabalho de arquiteta de "ser”, muitas vezes quando pensei estar construindo pontes, estava levantando muros, fazendo paredes onde deveria ter feito portas, esquecendo me em muitos momentos de abrir janelas por onde entrasse a alegria de viver, fincando esteios sem alicerce, construindo na areia e não na rocha e por isso tremendo na base a cada vento fraco que passou por mim Muitas vezes, na ânsia de ser grande, construí labirintos e me perdi em mim mesma ,vagando por corredores infinitos, perdendo o prumo, e o rumo e sem conseguir me encontrar E não raras vezes, ao invés de quartos arejados, teci casulos por anos a fio, esperando asas que quando vieram já me encontraram sem forças para voar, mas nem por isso rastejei, nem por isso perdi o nível Alguns me olham e me julgam pronta Longe disso Às vezes quando quase me sinto assim, temporais me assolam, rajadas de vento me açoitam, ondas vêm e destroem o meu cansativo trabalho de uma vida inteira, levando para longe o que estava ao alcance das minhas mãos Pequenas coisas atingem o meu lado mais frágil, onde por razões óbvias não coloquei escoras, não me protegi e lá vou eu de novo, começar da estaca zero onde pensei que havia posto um ponto final E assim sigo reformando me reconstruindo me, colocando remendos em rachaduras que as essas mesmas intempéries fizeram Portanto, não me julguem pelo meu exterior Quem vier a me conhecer por dentro poderá se surpreender com matizes na minha alma, com lugares secretos e aprazíveis que fiz como refúgio para quem necessita achegar se Verá que por trás da minha aparência simples há uma fortaleza medieval.
E por nessa construção ter sido mestra e não ajudante, tive a chance de conhecer cada parte de mim, tenho consciência de todos os meus defeitos Conheço cada palmo desse chão onde usei o prumo da sensatez para aplainar, conheço cada centímetro dessa casa chamada alma e coração, onde habitam meus sonhos, minhas desilusões, meus anseios, minhas alegrias Sei do que necessito para vir a ser aquilo que serei: Essa obra chamada "EU", a impossível arte de ser quem gostaria, a difícil arte de ser quem sou!