Dois loucos no bairro
Um passa os dias
chutando postes para ver se acendem
O outro as noites
apagando palavras
contra um papel branco
Todo bairro tem um louco
que o bairro trata bem
só falta mais um pouco
pra eu ser tratado também
me ensina
a sofrer sem ser visto
a gozar em silêncio
o meu próprio passar
nunca duas vezes
no mesmo lugar
Pra que é que eu quero quem chora,
se estou tão bem assim,
e o vazio que vai lá lá fora
cai macio dentro de mim
Das coisas
que fiz a metro
todos saberão
quantos quilômetros
são
Aqueles em centímetros
sentimentos mínimos
ímpetos infinitos não
Ali
ali
só
ali
se
se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse
se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce
ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece
Sei quando uma pessoa está por dentro ou está por fora.
Quem está por fora não segura um olhar que demora
nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez