O VELHO CACIQUE.
Deus sabe quanto relutei em usar o adjetivo velho.
Quem vê o vigor desse que ouso chamar de velho cacique, não o reconheceria no lépido líder que reuniu o que se pode chamar de representativa parcela da sociedade de Guarujá.
Eram mais de sessenta homens e mulheres, de vinte a mais de setenta anos, dispostos a ouvir qualquer coisa que o velho cacique fosse falar.
Percebeu se um quase temor reverencial, uma vontade de que o chefe bradasse um grito de guerra, para que todos cruzassem lanças, com qualquer inimigo de Guarujá.
Suas poucas e sábias palavras mostraram desde o princípio, que o cacique tem dos velhos, a sabedoria, a perseverança, e mais do que qualquer um dos jovens presentes, a força, a valentia e o vigor que se impuseram não como discurso, mas como oitiva, de tudo o que todos sabem e precisava ser dito em público.
A fraqueza de nós todos, no trato das coisas da cidade, cidade que se percebeu, é importantíssima na vida daqueles homens e mulheres.
Aquele que chamo de velho cacique, deu a palavra a tantos quantos o tempo permitiu, para ouvir que todos estamos cansados das promessas que nos trouxeram ao fundo do poço, nesta cidade em que até os mais modestos dizem, ter tudo para ser a melhor da região.
Ninguém precisou falar de grandes números ou grandes cifras, para se ter a certeza de que os poucos que estão no poder quase nada fazem com a enormidade de recursos de que dispomos, sem falar nas novas riquezas que hoje, mais do que nunca, estão à disposição de quem tenha como nós, a proximidade dos grandes centros, como fácil acesso e vantagens outras, inigualáveis em toda a região.
Isso para quem tem vontade de trabalhar.
O velho cacique não disse mas nós sabemos, que depois dele nada expressivo se construiu.
Que a nossa fama de outrora foi quase esquecida ou desprezada pelos que hoje, com a ignorância peculiar de jovens aprendizes de feiticeiro, confundiram o trabalho com a mágica.
Enquanto todos os que assumiram o poder depois do velho cacique preferiram receber os louros, por vitórias em batalhas que nem sempre travaram, a cidade chegou ao caos dos que gastam mais do que ganham, dos que tiram férias sem terem merecido, dos que dissipam as fortunas que herdaram sem nenhum mérito próprio.
Ninguém é unânime e nem todos seguiram nem seguirão o velho cacique
Aliás, jamais deveria tê lo chamado de velho cacique, melhor reverenciá lo como velho guerreiro ou simplesmente como cacique guerreiro, sob as ordens de quem, ainda teremos sérias lutas e com certeza grades vitórias.
Meu respeito ao homem de muito valor, Jayme Daige.