Do tipo que eu reconheceria assim que tivesse a oportunidade de conduzir uma dança e pisar nos seus pés.
Pra fazer a gente cair no meio de todo mundo.
E pra você começar a rir desesperadamente e transformar o constrangimento em alegria.
Pra ver se eu encontro alguém que se apaixona tanto pelas histórias dos filmes a ponto de querer vivê las a flor da pele como eu.
Pra ver se dessa vez eu sento do lado de uma poltrona ocupada e recebo um sorriso desconhecido, mas ainda assim bonito.
Mesmo que acendam as luzes.
Mesmo que baixem os créditos finais.
Mesmo que esvaziem as salas, eu ainda acho que um amor tão grande e tão bonito assim exista além das telas do cinema.
Mas todo filme trabalha com a gente para além da sua duração.
E eu já me adianto nas flores e será que você vai gostar da gravata que eu coloquei Você é meu amor imaginado.
Você é toda cheia de dedos e sinais que se atrapalham na tentativa de dizer alguma coisa.
Estudou um pouco sobre fantasia e vive por aí contando histórias.
Ele é bem desenhado, das mãos aos calos, dos pés aos princípios, como se tivesse sido feito sob mágica: encomendado e talhado perfeitamente pra mim.
Ele é um soneto de amor que durou mais do que as estrofes e veio parar no meu mundo real, escorregando pela boca enquanto eu deixava as palavras caírem até sambar de vez pra dentro de mim.
Você só seria ele se me respondesse as perguntas com aspas, citando o mundo e me enchendo de referências, me botando de queixo caído por perceber que você sabe tanto (sobre os outros e sobre mim).
Dá até pra antecipar a sua timidez no primeiro encontro.
Com mãos se esbarrando lentamente no descanso das poltronas.
Entrelaçando os dedos conforme os quadros se sucedem e alguém nos manda fazer silêncio porque o coração armou uma escola de samba e agora bate forte.
Você é o meu tipo de primeiro beijo esperado.
Pra dizer que eu já sabia que era você no momento em que pus os olhos e pude ver que você era tão complicada quanto eu – e não ligaria pra isso.
Ele é todo esguio e escorregadio, me escapa pelas mãos e para na soleira da porta antes de me dar boa noite.
Porque ele tem dessas coisas de saber me adoçar mais que chocolate, e saber lidar com meu lado fera sem me dominar.