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Amanda Seguezzi

Pra Ela
"Então ali está, a menina do sorriso misterioso que transcende os dias.
Ela é dotada de vários vícios e o sonho lhe inunda os olhos a cada hora do dia.
Ah os olhos.
Traz com si duas esferas de céu azul e a cor rosada da fruta proibida do paraíso nos lábios.
Ela é a Branca de Neve que não precisou morder a maçã para descobrir os venenos do mundo.
Bem no fundo, ela compreendia que quando o coração apertava, um amor de meia estação atravessava o vento como possibilidade seca, e que se uma lágrima lhe escapasse, parte de uma frase não dita saía junto.
E ela é feita de mares de frases não ditas, amor.
É a tempestade intensa e tanto quanto intempestiva que abala as estruturas de quem não ousa ser atingido por tal sensação.
Ah o sentimentalismo visível que exala por seus poros como cheiro de poesia fresca.
Porque a Branca de Neve deste conto não precisa de castelos para que a felicidade lhe capte, tampouco da brutalidade do mal me quer para que a tristeza lhe instigue.
A Branca de Neve não precisa de meias palavras, mas gosta delas.
A menina destes versos eu encontro num conceito textual de Caio F.
Abreu e até ouso cogitar que a expressão “Que seja doce” fora escrita especialmente para quando o gosto amargo e efêmero da incerteza a raptasse.
E ela gosta de ser desafiada pelas incertezas, não E até se sente extraordinariamente sagaz assim que o efeito de tendenciosidade lhe atiça os sentidos e o proibido agrada a saliva úmida.
Pra ela, que ainda acredita na boa fé do mundo, que deixa um pedacinho de verdade jogada pelos cantos da existência.
É ela que tem esperança no que já é invisível, assim como não exibe sua armadura cética uma vez que ainda acredita no amor.
Ah ela, que me cativa quando se mostra frágil, que almeja um afeto imensurável.
Acho que escreveria outras dúzias de frases para cada tristeza que lhe consome justamente para que as palavras nunca a ferissem.
Eu estancaria feito sutura, uma vez que sua tristeza é parecida com a minha nas diversas lacunas de hesitação, a diferença, a sutil diferença é que, os olhos dela meio que lampejam a qualquer sinal de notícia boa.
O que a muito não me consolidava.
Mas ora veja, quando ela sorria eu até conseguia ficar contente.
A Branca de Neve desta história não faz a menor ideia de quê é mais forte e autossuficiente do que imagina."
Pra ela.

"Penumbra constante, dissipando a memória, sugando as esperanças, desafiando os sonhos bons.
Abismo de ilusões, buraco negro de situações errôneas e obscuridade leviana.
Neblina negra que obstrui o elemento "força de vontade" e incendeia a serenidade."
Escrevi este verso em uma capa de livro há alguns anos, lendo o hoje, percebo que minha opinião não mudou uma vírgula sequer.
O amor é aquela praga que infesta plantações, corrói folhas, apodrece as raízes da sanidade.
É aquele relógio parado.
Agoniante.
Felicidade provisória tal qual egoísmo é o vírus expansivo pertinente.
Cada gota do temporal é uma lembrança e cada dose é uma ressaca de recordações.
Amor é aquela religião inventada pelos fracos, de auto confiança escassa, incapazes de sustentar se em seu próprio eixo.
Se fosse algo bom, nasceríamos costurados em nossa alma gêmea, usaria se rédeas e grilhões.
Entretanto, veja bem, num sopro de bom senso, obtém se o direito de escolha, constando que seguir em frente é sim opcional.
Perder se em um vício ou aliar se à ele Eis a questão.
Ser uma pseudo escritora falida levava me a flertar com o garçom do bar toda sexta à noite.
Enquanto servia me, imaginava quantos desgraçados ele conhecida todos os dias, se era alcoólatra ou procurava libertinagem a cada noitada.
"Eu deveria trabalhar num lugar assim." Pensei.
Meus versos de falso amor para uma pessoa falsa de nada valiam, todavia um depósito de destilados me cairia bem.
Pelo menos em algo bom isto é lembrado, neste mundo tão vasto, existem mais órgãos compatíveis do que pessoas adaptáveis.
Dissimular sobre estes assuntos tão moralistas era como repelir qualquer tipo de bons fluídos, estes que ainda compõe uma pequena parte do mundo.
Ao invés que aumentar minha capacidade filosófica, envelhecia me uns 20 ou 30 anos.
Eu não deveria ficar tão surpresa com essas situações que encontram se em constantes modificações.
Sentimentos se perdem quando a consciência é imposta.
Cada segundo passado pelo ponteiro do relógio incita teu nome, porém eu o enfrento, desafiando o estado inerte de minha alma.
É revigorante.
Ao invés de um surto, trepidando me emocionalmente, sento diante de minha velha máquina de escrever, desenvolvendo a crônica mais ingênua possível e parando bruscamente no clímax, aquele onde decidistes atravessar porta à fora, deixando me sem ao menos um tostão de felicidade.
Tão clichê.
Outra tentativa.
Flagrei me mais uma vez ironizando os fracos sentimentalistas que por aí estão.
Sentia me um pouco mais contente.
Sentia a onda forte de hipocrisia inundando meus limites e expondo feridas adormecidas.
Sensação vaga essa.
Nada que uma sutura de alegrias momentâneas não resolvesse.
Por ora.."

A coincidência anda de mãos dadas com os nossos desencontros.
Esqueça os planos.
Eles não gostam dos nossos abraços.
Esqueça as datas.
Nós sorrimos em meio ao imprevisto.
O tempo não está do nosso lado.
Destinos são quebra cabeças; sorte, o nosso disfarce.
Remamos contra a maré, derrotamos os nossos monstros emocionais.
Tentamos.
Não viramos amor.
Nosso final feliz termina com outras pessoas ocupando os nossos lugares.
Éramos um teste de resistência e perdemos as forças.
Éramos contrários.Sabíamos que ambos não iriam para frente se um fosse a fraqueza do outro.
Até porque amor não é sinal de fraqueza.
O amor não sugere desculpas.
O amor é o mais natural dos acasos.
Amores são momentos.
Eu vou te recordar numa música e você guardará as minhas piadas sem graça.
Amores são mais do que momentos, são mapas.
Desenhados por rotas antigas e por lugares jamais visitados.
Escolha o seu refúgio, ou siga desbravando.
Talvez nos orgulhemos do que nos tornamos, do que conquistamos, do que descobrimos.
Pois se descobrir também faz parte do que deixamos para trás.
Mudamos de ideia.
O que antes era certo é duvidoso agora.
Nosso Norte não é mais o mesmo.
Quanto mais longe andamos em direções opostas, mais invencíveis ficamos.
Destinos são quebra cabeças que juntamos ao longo dos danos.
E no final isso faz sentido.
Uma vida inteira faz sentido.
Relacionamentos, por mais intensos, não passam de fases.
Aprendemos a lição para não errar no seguinte.
E não é o fim do mundo.
Sentimentos são os músculos involuntários do nosso corpo.
Não mandamos, nem desmandamos.
E eles se adaptam.
A um sorriso novo, a um abraço mais apertado.
Se adaptam em lugares que nem pensamos em explorar.
Que não exploraríamos se o tempo estivesse ao nosso favor.
Obrigada por ser um passado bom que mora em uma parte de mim a qual não habito mais.
A lembrança fica em cada canto da cidade que nos serviu de esconderijo.
Mas é hora de sair do conforto e encontrar as coordenadas da felicidade.
Viva por alguém que te faça ter vontade de criar planos e rotas.
Viva pelo acaso.
O passado já está escrito, saiba o que fazer com o seu presente.
Não demore onde não precise parar.
Questione todas as dúvidas.
Se encontre antes de encontrar outra pessoa.
Viva uma vida cuja história mereça ser contada.

Você mergulhou fundo no meu alto grau de incompetência.
E conheceu o meu lado que chamava o amor de "complexo de inferioridade".
E ficou.
E riu das piadas sem graça, me mostrando que a sua capacidade de amar era mais algum tipo de dom seu.
Eu nunca vou saber explicar o quanto você é simplesmente você.
Eu precisava da sua rotina entrelaçada com a minha.
Precisava que você esquecesse a cafeteira ligada.
Eu precisava dos conselhos que os seus olhos me transmitiam.
O seu calor também me aquecia, queimava.
Não existia antídoto melhor que o seu querer bem.
Não existia decisão errada se lhe envolvesse.
Você não pediu licença, não bateu na porta.
Não avaliou a minha falta de bom senso, a minha falta de ser boa em alguma coisa.
Nem ligou.
Veio de algum lugar só para me mostrar os outros lugares que seriam nossos.
Construímos o nosso caminho, o nosso sentido.
Você virou a minha memória, o meu gerúndio.
Estamos vivendo, amando, morrendo.
De amor.
O seu amor me pede carona, enquanto eu te abraço com advertência.
O seu amor me amansa, enquanto eu faço aquela risada boba de criança que ganha um brinquedo novo.
Então, me esqueço da censura, do meu jeito autocrítico e te abraço mais uma vez.
Você conheceu a minha pior crise de ansiedade e, mesmo assim, me escolheu.
Se adaptou em mim.
Se encaixou em nós.
Compartilhamos nossas normalidades, os vícios, os sonhos que se perderam no meio das primaveras.
Decidimos então edificar os nossos próprios sonhos, concretados com os nossos próprios medos, unindo os até que se solidificassem.
Você me completou até que transbordasse, perseguiu o labirinto que compõe a minha alma, descobriu cidades em mim.
Transformou o amor em um ato de coragem repleto de curtas fraquezas.
Nossas palavras viraram promessas.
Nossos sorrisos, um pacto.
Prometemos boas lembranças, nos comprometemos em amar até o que ainda não vivemos.
Você encontrou o meu equilíbrio e confiou nele.
Curou a minha insônia e os poemas ruins.
Não pensou duas vezes ao pensar em mim pela primeira vez.
Quis me fazer corar.
Quis mergulhar.
Quis entender comigo porque o amor vai além do esquecimento, além do excesso de dom.
Eu já amava a sua simplicidade antes mesmo dela ser notada.
Eu já amava o seu calor antes dele tocar a minha pele.
Eu já amava o seu antídoto antes mesmo de experimentar o veneno.

“Reza a lenda que o teu abraço se encaixa perfeitamente no meu.
Que a nossa risada possuí as mesmas notas desafinadas e que tua cama traz exatamente as marcas do contorno da minha cintura no colchão fino.
Há quem diga que nosso humor é compatível e pertinente.
Especula se também que felicidade é uma palavra facilmente colocada naqueles fins de tarde de um passado infelizmente não tão distante.
Dizem também que teu sorriso é mais largo quando estou por perto, que alguma força paralela nos ilumina quando nossas mãos se entrelaçam e saímos mundo à fora despreocupados.
Indagam também que da tua casa até o infinito, construímos uma ponte multicolorida de felicidade e que à cada passo descobríamos uma cor a mais no arco íris.
Há quem diga que teu olho brilha enquanto me sonda e que meu coração salta pela boca quando ouve a tua melodiosa voz.
Há quem articule que nossa alma engrandece quando pensamos subjetivamente e que de todos os mistérios das galáxias, o inexplicável ainda era o fato do veneno da tua boca chegar brando em meus lábios.
Falaram que eu sou aquele trago de histeria que você procura em tudo que é lugar e que, pra mim, és uma anestesia errante.
Apenas falaram, pena que você não escute anjos.
Pena que só percebi o quão sutil eram nossas atitudes tarde demais.
Pena que nos distanciamos justamente quando parecíamos tão iguais.
Tente ouvir os anjos, eles dizem que a sina de todo caminho curvado tende a se cruzar.
É celestial, ter medo de um futuro que até então não existirá.
Pega esse teu braço e envolve na minha cintura, rapaz.
Se só segurando a minha mão já poderíamos encarar o mundo, imagine tu equilibrando meu corpo e confortando minha alma como apenas tu consegues fazer.
Ah.
Cosmos é um cubículo de dois metros quadrados quando nossos sonhos se permitem conviver entrelaçados.
Ouça, ouça os anjos.
Eles acham engraçado o modo como meu pensamento alvo e o teu negro criam uma explosão de sensações sem sentido.
É irreal.
Estou de mãos atadas, com orgulho ferido e de olhos vendados, todavia eu ainda ouço os sussurros.
Trate de ouvir os anjos moço, eles não são nada mais nada menos do que teu coração palpitando para onde queres ir.
De onde nunca deverias ter saído."