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Martha Medeiros

Acertando na Mosca
Finalmente, paz em Kosovo.
Enquanto os refugiados preparam se para voltar para suas casas, Milosevic e a Otan disputam agora o título de vencedor da guerra, como se tudo não tivesse passado de uma partida de futebol.
Ninguém marcou gol nesse combate insano, não há o que comemorar, mas uma lição foi deixada pelo episódio: os estragos que a falta de mira pode provocar.
Na guerra do dia a dia não é diferente: pontaria é fundamental.
Você anda desmotivado, acha que a vida está sem emoção e que na sua casa ninguém lhe entende.
Sai pra noite, então, e cruza com uns caras que fazem pega de moto, picham muros, depredam orelhões e parecem divertir se muito com isso.
Une se ao grupo.
Erro fatal: você acaba de se aliar ao inimigo.
Você está em busca de emprego, você e toda a torcida do Flamengo.
Por um desses milagres da vida, surgem duas oportunidades de trabalho.
Uma é um estágio dentro do campo que você quer atuar no futuro.
É para trabalhar ao lado de bons profissionais, mas ganhando apenas uma ajuda de custo.
Vai ter que ralar.
A outra proposta é para ganhar três salários com carteira assinada, mas num ramo que não lhe oferece a menor chance de crescimento profissional, um lugar onde você será uma peça na engrenagem, facilmente substituível.
Pense bem: só tem uma bala na agulha.
Você está mais carente que noiva abandonada no altar.
Sozinha a um ano e meio, anda fazendo cafuné em pantufa.
Aí surge ele, o cara que fala pelos cotovelos sobre o próprio carro, o próprio time, as próprias aventuras amorosas, o próprio umbigo.
Não é o seu tipo, mas é o que pintou.
Pega carona no ego dele ou fica mais um tempo sozinha
Boa pontaria faz toda a diferença.
Às vezes um alvo está mais perto que outro e isso parece facilitar as coisas, às vezes uma pessoa parece legal mas é camuflagem, às vezes alguém se move em nossa direção e, antes de ouví lo, o abatemos.
Viver é lutar um pouquinho a cada dia pela nossa felicidade.
Ninguém sai ileso dessa briga, mas fere se menos quem tem bom faro, noções de diplomacia e, principalmente, sabedoria para distinguir a hora de atacar e a hora de se defender.

VELHOS AMIGOS, NOVOS AMIGOS
Quem é seu melhor amigo(a) Deixe ver se adivinho: estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou a menos), freqüenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco.
Não é vidência: minha melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e nascemos no mesmo ano.
São amizades extremamente salutares, pois podemos dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo.
Mas fique esperto.
Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é importante sentir se incluído num grupo, de pertencer a uma turma.
Perde se, no entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros "planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual.
A vida ganha movimento é na diferença.
Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber como dá duro o cara que trabalha de
dia para poder estudar à noite e o quanto ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado.
Se você curte música, seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se divertir muito com os relatos de uma cinquentona irada.
E você, beirando os 60, se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia idade, nada melhor do que ter amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica, videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as desafinações ensinam bastante.
No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office boy, com solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce para outro time e vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca.
Vale inclusive pai e mãe.