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Kevin Martins

Sem dono
Não sou o dono da verdade, muito menos o da mentira.
Acho que não sou nem meu dono.
Minha vida tem sentido único.
Gosto de almejar o futuro, usando as pedras para fazer uma montanha, usando os espinhos para calejar me.
Não chamo ninguém para compartilhar minha vida, meus segredos, meus caminhos.
Se eu te chamei, é pelo motivo de ser extremamente importante e necessário para mim.
Não convido para entrar, nem para sair.
Qualquer um tem passagem livre, qualquer um tem a minha atenção.
Não me faz diferença, quem eu não faço diferença.
Gosto de jogar com moedas de mesmo valor, assim não perco.
Jogar a vida, jogar os momentos, tudo não passa de um jogo.
Onde você sempre sai ganhando, mesmo quando perde.
Cada um deixa sua história, sua opinião, seus valores O meu legado, é viver a sua vida, sabendo responder a maior pergunta de todas: "O que é preciso para ter uma vida boa ".
Ninguém pode responder essa, simplesmente dolorosa pergunta, a não ser você.
Não se vai ter uma vida feliz, terá momentos felizes.
Não terá uma vida triste, terá momentos de tristeza.
Não terá plenitude em nada.
Você terá uma corda bamba, onde vai pender sempre para algum lado, dependendo do vento, pois está em campo aberto.
Se tiveres uma corda de segurança, não irás se desprender da corda bamba, voltará a se equilibrar novamente, a andar, cair, levantar, bambear
Ficar em cima da corda, sem movimentar se, não tem sentido algum, sem falar que não podes voltar, não pode limpar a corda por onde já passou.
Você pode modificar o jeito de pisar na corda, de criar um modo de se equilibrar melhor, sabendo que sempre haverão as quedas.
A única coisa que deves pensar, é no fim da corda, pensar que não pode se arrepender de ter deixado de fazer, ou feito algo.
Tens que ter feito valer a pena, cada bambeada de vida.

Mais um dia amanhecendo.
A insônia apareceu aqui.
As ideias e a vontade de viver tudo de uma só vez, também.
Ao mesmo tempo de tudo, não sei se quero os amores.
Não sei qual querer e o que decidir.
As consequências de um desabafo, não me incomodam em nada.
Exatamente nada.
Repassei minha história de vida, na conversa com um amigo.
Percebi que era tão simples quando amar era somente sorrisos.
Verdadeiros sorrisos.
Hoje, amar, é discussões, sofrimento, algema, cadeia E que é difícil se manter sóbrio perante a vida.
Perante ao amor.
Sempre nos falaram que amar é o único sentido da vida.
Ou que tudo vale a pena Ou que temos uns aos outros Não temos nem a nós mesmos, amigo.
Essas briguinhas, das paixões, desgastam toda a corda que poderia sustentar o amor, que vem pesado e cheio de malas.
Um inútil, me sinto assim.
Sem capital.
Esquecendo, muitas vezes, de comer.
Rodeado pelo álcool e pelos cigarros esses que são meus companheiros, já me olham com cara de pena.
Realmente, digno de pena.
Uma mente cheia de papeis amassados.
As lixeiras daqui, já transbordaram.
Ninguém passa para recolher o lixo.
A rua é deserta, e os vizinhos (que não sei se existem) nunca atenderam aos meus pedidos de socorro.
Um homem sem esperanças, não é digno de seu título.
Desculpa, pai e mãe, mas a dor é grande demais aqui.
A angústia de pensar, machuca o peito.
Nos olhos, as lágrimas que nunca caem me dificultam ver a vida.
Me pego num momento em que não sei o que sinto pela vida.
Mas sim o que sinto pela morte.